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Frase do mês

"Somente no dia que o homem matar a última árvore e poluir o último rio, é que ele perceberá que não se vive apenas com dinheiro."

Provérbio Indígena.

27 de jan. de 2017

Queimas regionais: retrato explícito dos maus costumes

Imagem: fotógrafo desconhecido.

Eu sempre falei nos encontros de ativistas e com os amigos do interior que as pessoas sempre se queixam sobre o desmatamento, a poluição e a falta de água, mas não se dão conta que o exemplo surge dentre elas mesmo. Um problema que vejo persistir muito aqui na capital de Minas Gerais são as queimas regionais. E meu olho enche d'água para falar disso. 

Tente visualizar a seguinte cena: você está andando a cerca de 40 minutos debaixo de um sol quente de 32ºC, esperançoso(a) em chegar em casa e beber muita água gelada. No meio do caminho, você vê um sujeito atirando fogo em uma pilha enorme de pneus e matos em um terreno baldio. E aquela fumaça enorme vindo em sua direção, te causando tosse e espirros e sentindo mais e mais calor por causa dessa atitude desnecessária e poluente. Não seria um momento desagradável? 

Infelizmente, existem vários bairros e cidades que não fazem fiscalização sobre essas queimas. E falo não só de pneus e madeiras que são descartadas, mas também de árvores e animais mortos. Com toda tecnologia a nossa disposição, procurar alguém ou lugar onde podem reciclar objetos velhos pode ser a coisa mais fácil e legal de se fazer. Mas os "ignorantes de plantão" - e me perdoem por essa expressão - preferem poluir do que pensar. É fato que estamos falando de coisas que passam à margem do ativismo. É raro ver alguém empilhar as coisas e sair atirando fogo sem saber, ao menos, quais consequências vão surgir por essa ação, como por exemplo atingir alguma fiação de luz ou causar o tombo de árvores em ruas movimentadas. É inconsequente! 

Daí, se isso fosse regularizado, de forma certa e no lugar certo, provavelmente as pessoas não achariam comum qualquer senhorio de esquina fazer o estrago que ele acredita ter o direito. Desde meus 15 anos, quando senti na pele o gosto ruim da fumaça, embaçando minha vista e ver cair folhas de papel queimadas no chão do lote da minha casa mais do que neve, foi o momento que percebi que as atitudes do homem servem de exemplo tanto para o certo quanto para o errado. E o Brasil, que a cada minuto passa a ser mais tropical do que de costume, com calor chegando a queimar os olhos, fazendo até calango queimar a cauda no asfalto, a queima não deveria nem existir nas mentes das pessoas. 

Esse é um exemplo mínimo do que acontece em matas e reservas abandonadas entre muitos outros lotes e áreas de preservação não vigiadas. Um retrato infame de atentado contra o equilíbrio do clima e a preservação do sistema ambiental. Tanta coisa acontecendo, que falar disso parece nem importar. É simplesmente trágico!


Escrito por Brenda Suelen.

17 de jan. de 2017

O gosto amargo do barro.


Foto: Carlos Dório Costa/ Arquivo G1)

Se me falarem que os peixes mordem o anzol pensando que era minhoca eu acredito, mas nunca acreditaria que o barro tem sabor doce como o próprio nome do rio. Depois dos rejeitos percorrerem a extensão fluvial do Rio Doce, ter peixes em vida no rio São Francisco, no das mortes, das almas ou qualquer outro rio parece até injustiça. Li uma vez no livro de Luciana Caetano da Silva que até os peixes (aqueles que estão tristemente em abundância nos açougues e na mesa de jantar de várias famílias) também estão supostamente ameaçados de extinção. 

É que a pesca não respeita o período de acasalamento e reprodução dos bichinhos e por isso, a piranha, a sardinha, o salmão ou outros populares peixes podem se ausentar da nossa história. É trágico pensar nessa barbárie. 

Eu nunca cheguei na hora do almoço dos meus tios e escancarei que o bendito animal era como o porco ou o boi que eram mortos e que mereciam viver. Nunca gritei mas eu sentia. E no Rio Doce, o gosto amargo do barro pode estar em processo de digestão dentro dos estômagos mortos dos peixes que ficaram entalados na lama ou nas beiras do rio. O gosto da boca do animal vendo a água, outrora azul ou verde água, ficar marrom com folhas e pedras chegando lentamente, carregando história e ocupando o espaço tão bom deles, deve ser como chocolate amargo estragado! Nem eu queria ter sido peixe pra ver com olhos arregalados a tristeza de presenciar isso. 

Mesmo que eles reconstruam, limpem e voltem a ostentar o Rio Doce no Brasil, como se nada tivesse acontecido, o sufoco passado pelos animais que dormiam silenciosamente na bacia nunca terá preço. Foi irresponsabilidade e me sinto culpada só de ser da mesma espécie responsável pelo desastre. Não houve uma pessoa que não sentiu no pulmão a dor de ver os noticiários falando sobre a petulância de uns e dedicação de outros. Foi marcante. 

E fica assim... 
O Rio Doce lá, esperando tudo acabar. 
Mas ninguém se dá conta que a cicatriz dos rejeitos vão ter sempre gosto ruim na memória de homens e no coração de animais. 


Escrito por: Brenda Suelen



12 de jan. de 2017

Carta à Down Brancheau

Imagem: Fotógrafo desconhecido



"Oi querida treinadora!
Eu sei que te devo mil desculpas, mas na verdade só peço que me entenda onde quer que você esteja. Sabe, ter vivido no Canadá e depois Orlando por vários anos não foi fácil. As vezes eu gostava de brincar com você e me exibir para as pessoas, mas também entendia como se fosse um abuso. Tem sempre um dia que a gente acorda de mau humor, não é mesmo? Bom, isso me aconteceu. Naquele bendito ano de 2010, você estava no auge da carreira como treinadora de uma orca popular e amada. Eu também queria fazer parte dessa fama, mas não porque fui adestrada e sim porque a natureza me fez entrar em sintonia com a humanidade. 

Down, Deus fez os animais para entrarem em harmonia com os homens. Infelizmente, sua espécie depois de ter pisado na supostamente "inalcançável" lua, começou a se sentir raça dominadora com direitos superiores às demais espécies. Foi aí que tudo começou a dar errado. O circo, hoje, é um entretenimento que envolve animais sendo forçados a praticar ações que não nasceram para fazer. Seria mais fácil para você entender, se por acaso te amarrassem no chão e pedissem para você latir e buscar a bolinha. Não tem imagens mais fortes do que os cães desnutridos de Nova Jersey ou os abatedouros e fábricas de itens de couro dos meus amigos jacarés. Tive pesadelos com tortura dos macacos da África e com a caça de marfim no Afeganistão. Foi por esses e outros motivos que naquele dia, perdi o controle do meu instinto animal - que aliás é do meu natural dever - e acabei te mandando para os altos e infinitos céus. 

Treinadora, saiba que hoje já paguei meu preço. Por hoje estar morto, provavelmente vamos voltar a nos ver e brincarmos entre as águas como antes. Mas dessa vez, quando eu quiser dormir um pouco mais, você deixa tá? 

Para a sua espécie, a morte me foi um castigo. Para minha espécie, foi um sacrifício. 
Essa é a nossa real diferença. 

Espero que entenda que a essência dos animais não nos tornam diferentes e vulneráveis aos homens, mas ao contrário, é o elo entre o espírito e o motivo pelo qual Deus nos criou em tamanhos e formatos diferentes.

Com carinho,

Tilikum - Orca." 


Escrito por Brenda Suelen