Eu sempre falei nos encontros de ativistas e com os amigos do interior que as pessoas sempre se queixam sobre o desmatamento, a poluição e a falta de água, mas não se dão conta que o exemplo surge dentre elas mesmo. Um problema que vejo persistir muito aqui na capital de Minas Gerais são as queimas regionais. E meu olho enche d'água para falar disso.
Tente visualizar a seguinte cena: você está andando a cerca de 40 minutos debaixo de um sol quente de 32ºC, esperançoso(a) em chegar em casa e beber muita água gelada. No meio do caminho, você vê um sujeito atirando fogo em uma pilha enorme de pneus e matos em um terreno baldio. E aquela fumaça enorme vindo em sua direção, te causando tosse e espirros e sentindo mais e mais calor por causa dessa atitude desnecessária e poluente. Não seria um momento desagradável?
Infelizmente, existem vários bairros e cidades que não fazem fiscalização sobre essas queimas. E falo não só de pneus e madeiras que são descartadas, mas também de árvores e animais mortos. Com toda tecnologia a nossa disposição, procurar alguém ou lugar onde podem reciclar objetos velhos pode ser a coisa mais fácil e legal de se fazer. Mas os "ignorantes de plantão" - e me perdoem por essa expressão - preferem poluir do que pensar. É fato que estamos falando de coisas que passam à margem do ativismo. É raro ver alguém empilhar as coisas e sair atirando fogo sem saber, ao menos, quais consequências vão surgir por essa ação, como por exemplo atingir alguma fiação de luz ou causar o tombo de árvores em ruas movimentadas. É inconsequente!
Daí, se isso fosse regularizado, de forma certa e no lugar certo, provavelmente as pessoas não achariam comum qualquer senhorio de esquina fazer o estrago que ele acredita ter o direito. Desde meus 15 anos, quando senti na pele o gosto ruim da fumaça, embaçando minha vista e ver cair folhas de papel queimadas no chão do lote da minha casa mais do que neve, foi o momento que percebi que as atitudes do homem servem de exemplo tanto para o certo quanto para o errado. E o Brasil, que a cada minuto passa a ser mais tropical do que de costume, com calor chegando a queimar os olhos, fazendo até calango queimar a cauda no asfalto, a queima não deveria nem existir nas mentes das pessoas.
Esse é um exemplo mínimo do que acontece em matas e reservas abandonadas entre muitos outros lotes e áreas de preservação não vigiadas. Um retrato infame de atentado contra o equilíbrio do clima e a preservação do sistema ambiental. Tanta coisa acontecendo, que falar disso parece nem importar. É simplesmente trágico!
Escrito por Brenda Suelen.